quarta-feira, 30 de abril de 2014

Caroline adorava olhar pela janela do ônibus em movimento e pensar na vida, normalmente pensava em momentos que não eram nem pra serem lembrados. E naquele dia, ela não conseguia deixar de pensar no garoto do cursinho, era sem querer mesmo que pensava nele. Podia, não deveria. Com certeza ele era daqueles tipinhos que se encontra em qualquer esquina, bonitões e que querem todas as garotas. Fora, que ainda havia aquela amiga esquisita dele, no mínimo ficavam vez ou outra, ela estava perdidamente apaixonada por ele, e disposta a fazer qualquer coisa para conquistá-lo. Caroline já vira essa história, e não queria fazer parte dela. O dia seguinte passou rápido, já estava atrasada para a aula, perdeu o ônibus, saiu de casa sem comer e comprou um nescau no caminho, quando percebeu o canudo pingou achocolatado na sua blusa branca, pingos bem visíveis. Droga, não dava tempo ir em casa trocar, o outro ônibus já estava vindo. Perfeito! Tudo o que menos precisava era chegar na sala e todo mundo vê-la com a blusa manchada e ainda por cima descabelada da correria pra chegar a tempo de assistir a segunda aula. Nem ligou para os comentários maldosos de umas menininhas metidas e verificou a sala procurando um lugar. Tinha uma cadeira vazia, bem na segunda fileira, não podia acreditar! O garoto dos olhos de diamantes estava bem ao lado. Não tinha escolha, e foi. Quase sem voz, perguntou:
- Tá guardando pra alguém?
Respondeu ele, com voz grave, sorrisinho torto, olhando bem nos seus olhos:
- Sim, pra você.
Sem saber como reagir só sentou, depois de sorrir como agradecimento, e tentou voltar a atenção para o professor, mas como poderia pensar em matemática depois daquelas palavras?! Seu coração estava descompassado, as mãos suando, e sentia que ele a observava. Hora do intervalo. Coração de Caroline estava para sair pela boca. Queria fugir daquele sentimento, não deveria se apaixonar novamente, ainda sentia as dores que o amor provoca, mesmo depois de vários meses. Ele não levantou da cadeira como da outra vez. Caroline resolveu fugir daquilo e ir ao banheiro. Pronto, era só respirar e tentar ficar normal. Estava tentando ajeitar o cabelo, quando viu a imagem refletida da garota esquisita no espelho. Esquisita mesmo, ela usava uma maquiagem preta pesada, calça jeans e blusa de uma banda de rock que Caroline nunca ouvira falar. Até se assustou quando a viu. A garota se encostou na parede e falou com uma cara de chata:
- Acho que não fomos apresentadas, meu nome é Natália, e já percebi seu interesse no MEU (ela fez questão de falar com bastante intensidade) amigo, quero só abrir seus olhos menininha da mamãe, ele se apaixona por qualquer uma, mas no fundo ele ama a mim, só não percebeu ainda. Isso é questão de tempo, e não quero que você nos atrapalhe, está entendido? Abre o olho boneca.
Caroline só balançou a cabeça respondendo positivamente, se detestava por que as respostas a esse tipo de situação só surgiam depois de muito tempo. Natália bateu com força na pia provocando um barulho bem forte de estalo, e Caroline se assustou. Se odiava por ser tão fraca em certos momentos. Nem havia percebido que havia outra pessoa no banheiro, até ela sair de um box, já falando:
- Se eu fosse você se afastava do Pedro, ele é legal e tudo, mas é muito amigo dessa piradinha ai, ela é louquinha por ele e faz de tudo para afastar qualquer garota, tudo mesmo. Estudei com eles o ensino médio, não sei qual é a dele. Mas essa daí não tá pra brincadeira. Cuidado - e saiu.
Quanta coisa para um só dia! Caroline ainda estava estática no mesmo lugar. Não poderia mais se meter em confusão. Caramba! O que tinha feito pra tanta coisa acontecer com ela?! Voltou a sala de aula, pegou sua bolsa e foi embora sem olhar pra trás, nem mesmo para o Pedro. Aquele dia tinha acabado. E qualquer sentimento também.
Continua.
Járbia Freire

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Já faz algum tempo que me pergunto quantas vezes um coração pode ser quebrado. Porque o meu já não aguenta mais, acho que já ultrapassou o máximo de vezes possíveis. O meu problema é amar aquelas pessoas que nem ligam para o que eu sinto. Não estou falando só de amores, falo de "amigos" também. Meu pai sempre diz que não podemos confiar em ninguém nesse mundo, e eu achava um exagero dele falar isso. Mas hoje, depois de tantas palavras e gestos que me quebraram inteira, eu concordo plenamente. Triste? Claro. Mas é a verdade. Só temos a nós mesmos, somente. Acostume-se. Eu estou assim, sem acreditar em nada, fazendo todo o possível pra não me apaixonar, nem me iludir com ninguém. Há pessoas que não valem uma lágrima sequer, porque as que valem nunca vão deixar que essas lágrimas escorram dos olhos e do coração, só se for de felicidade. Eu creio que um dia eu aprendo a valorizar só quem me valoriza. Cansei de ser a otária que chora quando chega em casa. Cansei. Já basta, essa daí MORREU.

Járbia Freire

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ele andava pela cidade todos os dias, ficava com todas, tentando preencher um vazio no peito. Quando um dia desses a avistou, sorrindo a toa, com um lindo vestido vermelho, estranhou o fato de estar usando logo essa cor, pois dissera certa vez que nunca usaria. Estava linda, percebia-se que havia se transformado em uma forte mulher. Os pensamentos dele não o deixavam em paz, era perturbado pelo fato de nunca haver se perdoado por ter permitido que o amor de sua vida escapasse. E pensar que tinha sido apenas uma atração por uma garota da mesma turma do colegial. Voltou ao passado, quando terminou o namoro instável e feliz, naquele momento do término, sabia que estava fazendo uma escolha errada e futuramente iria se arrepender, mas não queria enganar Caroline, sua namorada, seus desejos por outra, já haviam ultrapassado as forças que tinha para continuar aquele namoro sem graça, que só começou por um amorzinho de infância, que até já havia passado. E agora, depois daquela aventurazinha de um ou dois meses, ao ver Caroline passar, sabia que o vazio no seu peito era dela. Sentia-se burro, completamente tolo por tê-la deixado escapar, ela parecia entender tudo o que ele estava sentindo só olhando no fundo dos seus olhos, e quando tudo ia mau, era ela que o acolhia, Pietro sentia falta da sua companheira carinhosa e amável. Via o quanto ela estava forte. Parece que ele não tinha feito nenhuma falta na vida dela, tinha até pensado que quando deixara ela havia sofrido, mas pelo jeito, não. Já estava segurando a mão de outro, provavelmente seu novo namorado. Pietro, tentava disfarçar a falta que ela fazia, conversava e gargalhava, com as amigas que sempre soube que Caroline odiava, apesar de nunca admitir. Ele pensava até que podia despertar os ciumes nela, mas nada era demonstrado por Caroline. Quando ela o viu acenou e sorriu, e foi puxada pelo rapaz bonito e bem aparentado que estava ao seu lado, ele que devia ser ciumento. Pietro pensou que sua princesinha havia crescido e aprendido com a dor que ele causara, com certeza o tinha superado. Ao contrário dele, que se esforçava de todos os jeitos para demonstrar o quanto estava feliz, mas sabia que tudo aquilo não passava de um disfarce. É, de uma vez por todas tinha que aguentar com as consequências da sua decisão.
Ela estava tão triste, havia um ou dois meses, desde que a pessoa que mais amava e confiava a tinha abandonado. Para ela, tinha sido uma surpresa, seu grande amor de infância, seu namorado querido, terminar o namoro de repente, com uma desculpa sem lógica de que estava se sentido confuso, pressionado. Caroline não conseguia entender o porque do amor machucar tanto. A mãe acompanhava a dor da filha de perto e resolveu presenteá-la com um lindo vestido vermelho. Caroline assim que viu, não pode conter seus pensamentos e lembrou que havia dito a Pietro, seu ex-namorado, que nunca usaria vermelho, pura provocação, só por saber que era a cor preferida dele. Sem querer, voltou ao passado e lembrou de palavras, promessas, beijos a carícias trocadas, que só ficariam na memória, se perderiam num tempo que não voltaria mais. Caroline resolveu que dali por diante seria forte, começando ao parar de pensar naquele que a fez passar pelo pior momento da sua vida. Não podia evitar de saber sobre Pietro, e acabou ouvindo por aí que ele estava com uma qualquer da mesma turma do colegial, quando soube, ficou muito triste por não entender que tipo de sentimentos eram aqueles dele, tão fáceis de acabar, um amor mentiroso e falso, e é porque dizia amá-la desde criança. Como havia sido tola! Era momento de seguir em frente. Naquele fim de tarde resolveu ligar pro seu amigo Gabriel, ele nunca a havia deixado na mão. Combinaram de tomar um sorvete, Caroline logo pôs seu vestido vermelho, se olhou no espelho, e pela primeira vez desde o dia em que o coração fora despedaçado, sentia-se radiante de felicidade. Foi um finalzinho de tarde incrível! Assim como imaginara, seu amigo não tinha perdido mesmo o jeito de fazê-la sorrir por besteira. Já era noite, e depois de ter tomado o sorvete, Gabriel a convidou pra dar uma volta pelo calçadão do centro da cidade. Estavam andando em meio a passos lentos enquanto olhavam as pessoas ao redor e o modo de se comportarem, quando Caroline congelou, ela ainda estava sorrindo de uma piada sem noção que Gabriel tinha acabado de contar, quando viu Pietro gargalhando com as amigas que ela sempre detestou, mesmo sem admitir. Aquele era o momento de mostrar o quanto estava(ou queria estar) forte. Segurou e apertou a mão direita de Gabriel, pois ele lhe passava conforto e segurança, e com a outra mão acenou para Pietro, deixando o sorriso falso fixado no rosto. Era visível o desinteresse estampado no rosto de Pietro ao acenar para ela, rapidamente voltou a sua conversa. Era como se tivessem tirado o band aid de um ferimento ainda sem cicatriz do coração de Caroline. Não podia evitar olhar no fundo daqueles olhos de Pietro e não lembrar o quanto aquele olhar havia sido refúgio de paz, ver aqueles lábios vermelhos despertava nela o desejo de beijá-lo e ouvi-lo dizer sussurrando no seu ouvido que tudo aquilo era apenas um pesadelo. Mas não era, não era um pesadelo. E ela podia ver o quanto ele estava feliz com sua nova vida, sua liberdade. Não conseguiu evitar as lágrimas. Em meio aos seus pensamentos percebeu que Gabriel a puxava cuidadosamente pelo braço para sair dali. E ela foi, sem sentir seus pés tocarem o chão, seu corpo estava dormente. Seus pensamentos vagos. E muitas lágrimas escorriam pelo seu rosto pálido. Não sabia o que iria fazer, só queria mesmo era agradecer por ter um anjo como Gabriel […]
- Járbia Freire
Lembro quando senti falta da tua companhia ao meu lado no banco. Tuas mãos acariciando as minhas, teus ombros largos que minha cabeça podia repousar. Senti falta das tuas SMS, ligações, e achei que jamais esqueceria o som da tua voz, falando da boca pra fora o quanto me amava. Eu achei que ninguém jamais te substituiria, que o vazio no meu peito nunca ia ser preenchido. Recordo que fiquei fria, coração de pedra, dando patada em quem se aproximasse. Ai ele chegou. Tão inibido, oferecendo um ombro amigo, frases clichês, e me aguentou. Chata, complicada e insuportável. Veio logo no pior período de me conhecer, e não foi embora. Incrível! Ele não foi embora! Aguentou, mesmo eu expulsando, sendo grossa, a pior versão de mim mesma. E isso me chamou a atenção. Ele me aguentou. Aí eu te digo, que você me fez um favor. Me trouxe a melhor pessoa que eu poderia conhecer, e agora nem sinto sua falta ao meu lado no banco, nem nas ligações e SMS, porque ele está lá. E o melhor de tudo é que eu sei que ele não vai fugir na primeira oportunidade, pois ele teve todos os motivos para isso não o fez, sabe porque? Ele me ama. Um sentimento que você jamais poderia me oferecer, ele me dá a todo momento, o amor. E hoje, eu posso te afirmar: NINGUÉM é insubstituível. 
- Járbia Freire